Liberdade em tempo de pandemia
On 25/04/2020 by Fernando Miguel Santos
Dois países. Dois anos diferentes. Duas músicas. O mesmo dia. O dia da Liberdade.
25 de Abril é em Itália (1945) e em Portugal (1974) o dia marcante da luta contra o fascismo. “Grândola Vila Morena” e “Bella Ciao” ainda hoje viajam pela memória de quem viveu as atrocidades dos regimes totalitários. A maior parte dessas pessoas ainda se encontra entre nós e luta, diariamente, para que esta realidade negra seja recordada.
As novas gerações têm de saber que houve heróis. Como hoje, quando se fala dos profissionais que lutam contra a pandemia que nos tira a liberdade, também antes se tinha de lutar pela liberdade democrática de se poder viver como se quer e dizer o que se pensa.
Não podemos deixar morrer esta memória. Não podem ser as irregularidades dos sistemas políticos, as pessoas que se servem dos Estados ou as crises económicas as únicas memórias que guardamos.
Que é feito da liberdade, a verdadeira, que nos fazia agir? Vamos continuar a manifestar-nos nas redes sociais, insultando quem se senta nos locais de poder sem sequer termos poder de argumentação? Vamos deixar-nos invadir pela demagogia das extremas, seja à esquerda, seja à direita, que nos querem inundar com ideias nacionalistas?
Em tempo de recolhimento por causa do Covid-19 também eu estou limitado na minha liberdade. Vivo para trabalhar junto dos doentes, junto de quem precisa de mim, mas não me esqueço que outros tiveram de lutar para que eu pudesse escolher o que faço, o que digo e o que partilho pela escrita e pela multimédia.
Sou filho de um ex-combatente. A Guiné não me tirou o meu pai, mas fê-lo perder vários amigos. Hoje combato eu e perdi também amigos nesta guerra invisível. Da mesma forma que sinto o desrespeito pelas recomendações dos profissionais de saúde quando todos se passeiam na rua, também não gosto de ver o desrespeito pela guerra que o meu pai e tantos outros travaram em nome de uma ditadura que nunca os mereceu.
Hoje, enquanto estivermos nas nossas casas confinados, lembremo-nos de que a Liberdade nos faz muita falta. Sobretudo, lembremo-nos de que ela só existe porque há quem tenha lutado por ela. Hoje, mais do que nunca, faz sentido que voltemos a tratar a Liberdade como um direito essencial e que voltemos a lutar ombro a ombro por ela.
Pela Liberdade, sempre!
Fernando Miguel Santos
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