Responderei sempre que sim

As efemérides não são apenas um olhar para o passado. São ecos, são réplicas, são ramificações. 

O dia nove de Junho de 2022 teve tudo o que era necessário para que assim fosse. Os sons, os cheiros, o impacto, os frutos. Teve as lágrimas. Quando assim é, como recordar um dia tão perfeito? Tinha chovido nessa semana, a terra que segurava a relva ainda não tinha acolhido toda a água que lhe caíra em cima, símbolo cheio de significado. O sol ficou intenso ao ponto de todos sentirmos agradecidos pela sombra, mas o calor não era apenas astronómico. Era um calor antropológico. Todos juntos, os nossos convidados estavam ali para celebrar uma união que estava determinada por laços muito fortes e que merecia, por isso, ser festejada. 

Como se celebra um dia assim? Há calendários que vão lembrando que tipo de bodas correspondem a cada ano que passa, mas mesmo assim não chega. Celebra-se amando. É a única forma e a única fonte de satisfação, a única força que permite apertar os laços para lá da escorrência dos dias, das dificuldades quotidianas e das resistências que a existência nos vai oferecendo. 

Tudo isto, muito conceptual ainda, embora verse as emoções, tem de ser feito ao lado da pessoa certa. Eu tenho na Filipa o meu complemento de felicidade, a mulher que alimenta as minhas potencialidades da mesma forma que me desafia e, principalmente, me levanta. É assim que se ama, também. Através de olhos molhados de aeroporto, de sorrisos de aprovação no sucesso e de mãos dadas de lar na altura de desfalecer.

A melhor maneira de celebrar o amor é desdobrando-o. Ele desdobra-se em gritinhos e risinhos pela sala; ramifica-se na pequenina concretização da nossa genética, que nos devolve as nossas virtudes (e os nossos defeitos) a cada dia; abala-nos com o sismo de novos medos; oferece-nos cheiros que gostaríamos de guardar em pequenas caixinhas de recordações; e dá-nos a mãozinha, pequenina, enquanto dorme. É assim que se festeja o amor. 

Por isso, reitero e renovo os votos que fiz naquele dia, do amor que não tem fim, e fá-lo-ei sempre, como um eco que perdura. E a uma nova pergunta que nasce dos lábios da nossa concretização mais perfeita:

– Papá, óstas mim?

Respondo e responderei sempre que sim.

Author: Fernando Miguel Santos

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