A Mais Breve História da Rússia, de José Milhazes
On 23/03/2022 by Fernando Miguel SantosSegundo a nota biográfica que acompanha o livro, José Milhazes emigrou para a União Soviética em 1977, vindo a licenciar-se em História da Rússia na Universidade Lomonossov. O seu doutoramento, em 2008, versa a “influenciadas ideias liberais espanholas e portuguesas na Rússia”. Em 2013 foi distinguido com a Ordem do Mérito da República Portuguesa.
A leitura do seu livro A Mais Breve História da Rússia – Dos Eslavos a Putin, já citado por mim no texto “A cultura tem origem, não tem bandeira”, é um relato das imensas mudanças daquela região do globo. Do Rus, a origem, até à actual Federação da Rússia, passando pelo Império Russo e pela União Soviética, a História demonstra que a convivência dos povos que habitam o imenso território foi tudo menos estável. Conquistas, golpes de estado, “limpezas étnicas”, exílios, guerras que se perpetuam. Consequências de uma ambição imperialista que foi criando conflitos e facturas que, apesar de tudo, posicionaram a Rússia como potência mundial em vários momentos, incluindo o actual.
A forma resumida, clara e esclarecedora como os factos são apresentados fez-me lembrar História Concisa de Portugal, de José Hermano Saraiva, lido há muitos anos. A sensação foi semelhante: uma acrescida compreensão, acompanhada de um certo atordoamento induzido pelas incessantes reviravoltas.
A citação que dá início ao livro é uma das melhores formas de resumir a multiplicidade de rumos que o país foi tomando:
Não se pode com a mente a Rússia alcançar,
Nem dela com régua uma ideia fazer:
Porque não tem no mundo par –
Na Rússia apenas se pode crer.
Fiódor Ivánovitch Tiùtchev, poeta russo (1803-1873)
O teor histórico e político do livro não o impedem de ser uma leitura agradável, pelo contrário. A título de curiosidade, existem várias passagens sobre personalidades portuguesas, como Luísa Todi, cantora de ópera de Setúbal, que cantou para Catarina II. Sobre a imperatriz e a sua famosa libido, o livro inclui um poema de Bocage, com o qual termino este texto, aproveitando a mestria do poeta para desassombrar estes assuntos:
Essa da Rússia imperatriz famosa,
Que inda há pouco morreu (diz a Gazeta)
Entre mil porras expirou vaidosa:
Todas no mundo dão a sua greta:
Não fiques pois, ó Nize, duvidosa
Que isso de virgo e honra é tudo peta.
Bocage, poeta português (1765-1805)
Arquivo
- Dezembro 2024
- Novembro 2024
- Agosto 2024
- Junho 2023
- Maio 2023
- Abril 2023
- Fevereiro 2023
- Janeiro 2023
- Dezembro 2022
- Novembro 2022
- Outubro 2022
- Setembro 2022
- Julho 2022
- Março 2022
- Fevereiro 2022
- Janeiro 2022
- Dezembro 2021
- Setembro 2021
- Fevereiro 2021
- Junho 2020
- Maio 2020
- Abril 2020
- Março 2020
- Fevereiro 2020
- Janeiro 2020
- Abril 2019
- Fevereiro 2019
- Janeiro 2019
- Dezembro 2018
- Novembro 2018
- Fevereiro 2017
- Agosto 2016
- Julho 2016
- Junho 2016
- Maio 2016
- Abril 2016
- Março 2016
- Fevereiro 2016
- Dezembro 2014
- Outubro 2014
- Abril 2014
- Fevereiro 2014
- Dezembro 2013
- Maio 2013
- Março 2013
- Fevereiro 2013
- Novembro 2012
- Setembro 2012
- Julho 2012
- Junho 2012
- Fevereiro 2008
Calendar
S | T | Q | Q | S | S | D |
---|---|---|---|---|---|---|
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | ||
6 | 7 | 8 | 9 | 10 | 11 | 12 |
13 | 14 | 15 | 16 | 17 | 18 | 19 |
20 | 21 | 22 | 23 | 24 | 25 | 26 |
27 | 28 | 29 | 30 | 31 |